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terça-feira, 11 de agosto de 2009

Como eu queria
mudar tua palavra
para mel de rainha
liberta e nunca escrava.

Como eu queria
destrancar as defesas
girar na tua poça tesa
beber garapa de poesia.

Como eu queria
as chaves do teu coração
abri-lo à ardorosa emoção
deste amor que me renuncia.

Como eu queria
na paz nossa moradia.

Ah, como eu queria!

SEM NOME

Como se chama esta fúria que emana
que emerge meio santa meio cigana
que aumenta as garras, o calor e a força
quando me adoço com o mel da tua boca

e alago todo o teu recato, toda a tua poça
onde nos transbordamos em longos gemidos
infinitos? Que obriga que a gente se contorça
nesta cama — território feito fosse o paraíso?

Como se chama esta erosão repentina
que abre tua fenda outrora escondida
que elimina tenente os nãos do vocabulário
quando me visto com o teu suor almiscarado

e trafego éter sobre teu corpo, teus cálices
onde nos derretemos em longas soldagens
ardentes? Que decreta o fim das miragens
neste antideserto — reino dos mil oásis?

Como se chama esta coisa sem nome
esta dor às avessas que nos consome?

sábado, 1 de agosto de 2009

LEVA

Leva por favor esse seu “S” logo
leva de vez enquanto eu choro
a vida que se esvai pelos poros
lentamente: assim eu me devoro

na imensidão do vazio que ocupa
a sua ausência ampla que desnuda
o peito, esta adaga forjada na tortura
de vê-la na luz, no breu e na penumbra.

Leva tudo. Leva também o nosso amor.
Cuida dele que eu cuido da minha dor.

Marlos Degani

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Nova Iguaçu, Rio de Janeiro, Brazil
Participa do grupo de poesia Desmaio Públiko em Nova Iguaçu. É jornalista, escreve crônicas periódicas no sítio do Baixada Fácil www.baixadafacil.com.br e lançou de seu primeiro livro de poemas chamado Sangue da Palavra em 2007 e um CD de poemas chamado MARLOS DEGANI - ATÉ AGORA em 2009, com a sua poesia completa (édita e inédita). Lançou em set/14 seu segundo volume de poemas chamado INTERNADO no formato e-book, já disponível nas melhores virtuais. Contato: marlosdegani@gmail.com