Páginas

sábado, 22 de janeiro de 2011

CILADAS

    I                 I

A ingratidão é carta
na manga, fora do baralho,
da qual lança mão o covarde
que fere porque não sabe

da solidariedade
e não pode crer na bondade:
ainda não foi liberado
do leito do próprio parto.

A dor aguarda o ingrato:
pé a pé, calo a calo.

         II

A avareza trafega
nas paredes do abismo
escuro do egoísmo
e, amarga, reverbera

o tilintar das moedas
conjuradas feito rezas:
mãos fechadas que significam
os nãos rotundos à vida.

O avaro e seus cobres
morrem no frio de seus cofres.

        III

A ignorância é cega
e (surda e muda) acéfala
e não sabe nunca de nada,
se ocaso ou alvorada,

se início ou chegada;
vive no breu sem bengala,
sem tato e não discerne
o delírio da febre.

É a tirana das chagas
e dela poucos escapam.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

EXÍLIO


As algazarras da vida
(de fartas algaravias)
semearam três armadilhas
nos miolos ocos das vísceras:


ingratidão, avareza
e as pálpebras cirzidas
da ignorância - bandida -
algoz da luz e da beleza.


Resta então ao poema
o éter da inexistência.

Marlos Degani

Minha foto
Nova Iguaçu, Rio de Janeiro, Brazil
Participa do grupo de poesia Desmaio Públiko em Nova Iguaçu. É jornalista, escreve crônicas periódicas no sítio do Baixada Fácil www.baixadafacil.com.br e lançou de seu primeiro livro de poemas chamado Sangue da Palavra em 2007 e um CD de poemas chamado MARLOS DEGANI - ATÉ AGORA em 2009, com a sua poesia completa (édita e inédita). Lançou em set/14 seu segundo volume de poemas chamado INTERNADO no formato e-book, já disponível nas melhores virtuais. Contato: marlosdegani@gmail.com