Sou mó, só,
e trituro
- faço pó
e mudo
o urro
e sem dó
nego só
o futuro.
É preciso
a carne
e um grito
que abafe
o gemido
que arde
sem alarde
sem destino.
Sou espelho
de mim mesmo.
quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010
quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010
ALMIRANTE
Se uma vez eu te amasse,
uma vez só seria pouco
no mútuo nasce e renasce
entre as ancas do teu corpo,
numa viagem sem chegada,
feito aquela do poema,
a de nunca se ter a caça
ou cabaça como emblema.
E a quilha do meu navio
quer singrar o teu mar bravio.
uma vez só seria pouco
no mútuo nasce e renasce
entre as ancas do teu corpo,
numa viagem sem chegada,
feito aquela do poema,
a de nunca se ter a caça
ou cabaça como emblema.
E a quilha do meu navio
quer singrar o teu mar bravio.
segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010
ULTIMATO
Nunca vi vírus mais fatais
do que estes, os do poema
(camuflagens de esquemas
sem luzes verdes nos sinais),
que convidam o ingênuo poeta
aos brilhos efêmeros duma festa
onde até o tudo parece permitido,
mas é o nada que assina o recibo.
Minha pena é a capataz da tortura
que visto avisado: dela não há fuga.
do que estes, os do poema
(camuflagens de esquemas
sem luzes verdes nos sinais),
que convidam o ingênuo poeta
aos brilhos efêmeros duma festa
onde até o tudo parece permitido,
mas é o nada que assina o recibo.
Minha pena é a capataz da tortura
que visto avisado: dela não há fuga.
sábado, 13 de fevereiro de 2010
EU TE OCEANO
Não me procure dentro de mim,
não tente me domar, me decifrar
nesta reta de começo, meio e fim
que é a tua maneira de raciocinar
o mundo, pois o teu grito é aberto,
trafega volátil no céu e no inferno,
faz do teu abraço, aula de abraçar,
faz do teu verbo, arma de perfurar.
Não me amedronte com conselhos,
não pense que não encaro o espelho;
vejo o infinito refletido no meu olhar
e a certeza: é preciso sempre buscar
a utopia cabal e completa dos sentidos;
um estágio de éter: ali não há o epílogo
intolerante, são livres todas as palavras
do jugo umbilical do poeta escravocrata.
Não me venha com essa ou com aquela:
deixa o meu vento ventar nas tuas velas.
não tente me domar, me decifrar
nesta reta de começo, meio e fim
que é a tua maneira de raciocinar
o mundo, pois o teu grito é aberto,
trafega volátil no céu e no inferno,
faz do teu abraço, aula de abraçar,
faz do teu verbo, arma de perfurar.
Não me amedronte com conselhos,
não pense que não encaro o espelho;
vejo o infinito refletido no meu olhar
e a certeza: é preciso sempre buscar
a utopia cabal e completa dos sentidos;
um estágio de éter: ali não há o epílogo
intolerante, são livres todas as palavras
do jugo umbilical do poeta escravocrata.
Não me venha com essa ou com aquela:
deixa o meu vento ventar nas tuas velas.
AUTO-RETRATO
Todo de traços falidos,
de aquarelas sem cores
− de dúvidas e infinitos,
de sombras e bastidores,
tomado por este teimoso fracasso:
o de caçar o poema e o seu cabaço.
de aquarelas sem cores
− de dúvidas e infinitos,
de sombras e bastidores,
tomado por este teimoso fracasso:
o de caçar o poema e o seu cabaço.
sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010
sábado, 6 de fevereiro de 2010
quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010
AMARGOR
O poema é uma fratura descoberta
da cultura feroz e egoísta do poeta;
e não há mel algum nessa colméia
de favos repletos de pus e miséria.
da cultura feroz e egoísta do poeta;
e não há mel algum nessa colméia
de favos repletos de pus e miséria.
CANDEEIRO
Essas trilhas do poema
quando flutuo a esmo
(da carne ao esqueleto,
da denúncia à sentença),
imerso neste esquema
de não ter fim nem começo;
blefa: põe fé no tabuleiro
e traveste a algema.
Não há luz no cativeiro:
é do poema o candeeiro.
quando flutuo a esmo
(da carne ao esqueleto,
da denúncia à sentença),
imerso neste esquema
de não ter fim nem começo;
blefa: põe fé no tabuleiro
e traveste a algema.
Não há luz no cativeiro:
é do poema o candeeiro.
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Marlos Degani
- MARLOS DEGANI
- Nova Iguaçu, Rio de Janeiro, Brazil
- Marlos Degani, Nova Iguaçu/RJ, é jornalista. Lançou o seu primeiro livro de poemas chamado Sangue da Palavra em 2006 e que conta com a apresentação do poeta Ivan Junqueira, imortal da Academia Brasileira de Letras, falecido em 2014. Em setembro/14 lançou o segundo volume de poemas chamado INTERNADO, também pelo formato e-book, disponível nas melhores livrarias virtuais do planeta. Em 2021, pela Editora Patuá, lançou o seu terceiro volume, chamado UNIPLURAL. Participa como poeta convidado da edição número 104 da Revista Brasileira, editada pela Academia Brasileira de Letras, lançada em janeiro/21, ao lado de grandes nomes da literatura brasileira.