Nem mesmo a improvável medida
de todo o tudo do universo,
nem o soluço mudo, esta neve
que me desce e solidifica
a vida que desisto de viver;
e nem Deus saberia entender
dessa dor que reverbera intensa
nos ecos ocos da tua ausência,
esta chuva amaldiçoada
de gritos, de gemidos e de lágrimas,
uma tempestade de saudade
quando te vejo por todas as partes.
Meu corpo ainda acalenta
o mel do teu beijo que me sustenta.
segunda-feira, 26 de abril de 2010
sábado, 17 de abril de 2010
NÁUFRAGO
Não haverá um xis que me zere,
sou de insoluções − pó e febre − ,
infinito − cheio de vazios
que jamais serão preenchidos
pois na liberdade desses espaços
é que o poema reina em mim,
onde há caminho, não o atalho;
onde há capítulo, não o fim.
Não possuo as peças que faltam
no quebra-cabeça da minha vida,
não me respondo nas sabatinas
dos tribunais das madrugadas.
Tirei há muito as mãos do leme:
fiz do vento meu próprio presente.
sou de insoluções − pó e febre − ,
infinito − cheio de vazios
que jamais serão preenchidos
pois na liberdade desses espaços
é que o poema reina em mim,
onde há caminho, não o atalho;
onde há capítulo, não o fim.
Não possuo as peças que faltam
no quebra-cabeça da minha vida,
não me respondo nas sabatinas
dos tribunais das madrugadas.
Tirei há muito as mãos do leme:
fiz do vento meu próprio presente.
sexta-feira, 16 de abril de 2010
AMARIA
Eu acho que te amaria,
sim, sinto, te amaria,
tanto, que ninguém amaria.
Confesso: te amaria,
cuidadoso te amaria,
fogoso te amaria,
vagaroso te amaria,
belicoso te amaria.
Amaria e amaria;
começo e fim: amaria.
sim, sinto, te amaria,
tanto, que ninguém amaria.
Confesso: te amaria,
cuidadoso te amaria,
fogoso te amaria,
vagaroso te amaria,
belicoso te amaria.
Amaria e amaria;
começo e fim: amaria.
terça-feira, 13 de abril de 2010
ASSIMÉTRICO
Caibo em nada; nada me cabe,
sou de avessos - alma e carne - ,
invertido - piso com a palma
da mão de pena atravessada
que impede o encaixe
numa inquieta assimetria,
onde há canastra, não o descarte;
onde há verso, não a poesia.
Assim vou ao meu próprio beco
e teço outra encruzilhada
além do desdém que me ataca,
da tirania do fim e do medo.
Sou só, mó de metro despedaçado
que mói as sobras do meu cansaço.
sou de avessos - alma e carne - ,
invertido - piso com a palma
da mão de pena atravessada
que impede o encaixe
numa inquieta assimetria,
onde há canastra, não o descarte;
onde há verso, não a poesia.
Assim vou ao meu próprio beco
e teço outra encruzilhada
além do desdém que me ataca,
da tirania do fim e do medo.
Sou só, mó de metro despedaçado
que mói as sobras do meu cansaço.
sexta-feira, 9 de abril de 2010
FRAGMENTOS
É dentro da orgia do poema
− onde a vida pulsa secreta
no mistério que a sustenta −
que minha alma presa é aberta.
A poesia não é do poeta
e nem luz para a tua caverna.
MARLOS DEGANI: «Poemas». Em: Soneto Partido. Nova Iguaçu: inédito, 2010. Fragmento final – verso 9˚ ao 14˚.
− onde a vida pulsa secreta
no mistério que a sustenta −
que minha alma presa é aberta.
A poesia não é do poeta
e nem luz para a tua caverna.
MARLOS DEGANI: «Poemas». Em: Soneto Partido. Nova Iguaçu: inédito, 2010. Fragmento final – verso 9˚ ao 14˚.
sexta-feira, 2 de abril de 2010
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Marlos Degani
- MARLOS DEGANI
- Nova Iguaçu, Rio de Janeiro, Brazil
- Marlos Degani, Nova Iguaçu/RJ, é jornalista. Lançou o seu primeiro livro de poemas chamado Sangue da Palavra em 2006 e que conta com a apresentação do poeta Ivan Junqueira, imortal da Academia Brasileira de Letras, falecido em 2014. Em setembro/14 lançou o segundo volume de poemas chamado INTERNADO, também pelo formato e-book, disponível nas melhores livrarias virtuais do planeta. Em 2021, pela Editora Patuá, lançou o seu terceiro volume, chamado UNIPLURAL. Participa como poeta convidado da edição número 104 da Revista Brasileira, editada pela Academia Brasileira de Letras, lançada em janeiro/21, ao lado de grandes nomes da literatura brasileira.