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domingo, 25 de julho de 2010

MAREMOTOS

Ter esta coragem: a de dar as asas
para quem a macia quentura é o ar
que se tem de, sufocado, respirar
meio às frestas de infinitas casas

de um corpo mais do que um corpo
a doar mil gozos para os meus gozos
de uma alma mais do que uma alma
a diluir entre méis o caos em calma

− antônimo radical do que seja descanso
mas, e sim, de certa vagarosidade acesa
íntima de mil atalhos dos flancos insanos
que velozes rebentam a brasa em labareda.

O amor passeia na chuva e não crê no pranto
pois o egoísmo, o único inimigo, já é oceano.

terça-feira, 13 de julho de 2010

NAUFRAGADO

Emergir de suas profundezas,
tentar sobreviver até à tona,
resistir à pressão de sua sombra
que faz fim de sua parca nobreza

e espalha o olor da sujeira
que você cobriu de covardia,
de armadilha em armadilha,
de avareza em avareza.

Poemas são superfícies falsas,
o ar do verso é mentiroso
e o poeta morre afogado
sem ninguém que vele o seu corpo.

Emergir de dentro de você mesmo
é desnascer além do seu sesmo.

Marlos Degani

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Nova Iguaçu, Rio de Janeiro, Brazil
Marlos Degani, Nova Iguaçu/RJ, é jornalista. Lançou o seu primeiro livro de poemas chamado Sangue da Palavra em 2006 e que conta com a apresentação do poeta Ivan Junqueira, imortal da Academia Brasileira de Letras, falecido em 2014. Em setembro/14 lançou o segundo volume de poemas chamado INTERNADO, também pelo formato e-book, disponível nas melhores livrarias virtuais do planeta. Em 2021, pela Editora Patuá, lançou o seu terceiro volume, chamado UNIPLURAL. Participa como poeta convidado da edição número 104 da Revista Brasileira, editada pela Academia Brasileira de Letras, lançada em janeiro/21, ao lado de grandes nomes da literatura brasileira.