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quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

MESMO LUGAR ALGUM



Repito o poema
feito dever de
caligrafia: vou
e volto entre as
minhas mesmas
palavras quase
uma reza quase
nova mas cíclica.

Sou poeta de
muito pouco
e muita vez de
muito teimoso
um que passa
o bagaço do
verso na moenda
até virar fumaça.

Repito o poema.

Feito dever de casa.


terça-feira, 15 de dezembro de 2015

ALGUMA RELATIVIDADE




Desejos amadurecidos
são escalas de ousadia
alçadas feito patamares
de sonhos cada vez mais cálidos

e cada vez mais inflamáveis,
uma simples complexidade,
cuja medida é a carne
alta do teu corpo, que, farto,

completo, todo me invade
em etéreas profundezas...
Pororoca. Alma. Fogueira
volúvel. Muita octanagem

que move o meu motor quente
na direção toda aguda
quase de reta, quase curva
suada e suavemente

disposta de linho na cama
quase vestida, quase nua
quase moça e quase puta.
Culpa: menor do que a sanha.




quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

TRILOGIA DE FUNDO



BASTIDORES

Há por detrás
das cortinas
roxas da noite
uma coxia de
estrelas raras
e na maquiagem
das nuvens quase
espalhadas o auge
de toda a escuridão
funda se disfarça.

MENOS DO MESMO

Tenho aqui
dentro
nada que
me sustenta:
sou mais
do que
um verso
e menos
do que
um poema.

FOSSA DAS MARIANAS

Nos decibéis
de um silêncio
nas calmas
de um maremoto
o verso
vira escafandro
e o poema
uma bolha
perdida no
fundo do oceano.


Marlos Degani

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Nova Iguaçu, Rio de Janeiro, Brazil
Participa do grupo de poesia Desmaio Públiko em Nova Iguaçu. É jornalista, escreve crônicas periódicas no sítio do Baixada Fácil www.baixadafacil.com.br e lançou de seu primeiro livro de poemas chamado Sangue da Palavra em 2007 e um CD de poemas chamado MARLOS DEGANI - ATÉ AGORA em 2009, com a sua poesia completa (édita e inédita). Lançou em set/14 seu segundo volume de poemas chamado INTERNADO no formato e-book, já disponível nas melhores virtuais. Contato: marlosdegani@gmail.com