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sábado, 22 de janeiro de 2011

CILADAS

    I                 I

A ingratidão é carta
na manga, fora do baralho,
da qual lança mão o covarde
que fere porque não sabe

da solidariedade
e não pode crer na bondade:
ainda não foi liberado
do leito do próprio parto.

A dor aguarda o ingrato:
pé a pé, calo a calo.

         II

A avareza trafega
nas paredes do abismo
escuro do egoísmo
e, amarga, reverbera

o tilintar das moedas
conjuradas feito rezas:
mãos fechadas que significam
os nãos rotundos à vida.

O avaro e seus cobres
morrem no frio de seus cofres.

        III

A ignorância é cega
e (surda e muda) acéfala
e não sabe nunca de nada,
se ocaso ou alvorada,

se início ou chegada;
vive no breu sem bengala,
sem tato e não discerne
o delírio da febre.

É a tirana das chagas
e dela poucos escapam.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

EXÍLIO


As algazarras da vida
(de fartas algaravias)
semearam três armadilhas
nos miolos ocos das vísceras:


ingratidão, avareza
e as pálpebras cirzidas
da ignorância - bandida -
algoz da luz e da beleza.


Resta então ao poema
o éter da inexistência.

Marlos Degani

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Nova Iguaçu, Rio de Janeiro, Brazil
Marlos Degani, Nova Iguaçu/RJ, é jornalista. Lançou o seu primeiro livro de poemas chamado Sangue da Palavra em 2006 e que conta com a apresentação do poeta Ivan Junqueira, imortal da Academia Brasileira de Letras, falecido em 2014. Em setembro/14 lançou o segundo volume de poemas chamado INTERNADO, também pelo formato e-book, disponível nas melhores livrarias virtuais do planeta. Em 2021, pela Editora Patuá, lançou o seu terceiro volume, chamado UNIPLURAL. Participa como poeta convidado da edição número 104 da Revista Brasileira, editada pela Academia Brasileira de Letras, lançada em janeiro/21, ao lado de grandes nomes da literatura brasileira.