I I
A ingratidão é carta
na manga, fora do baralho,
da qual lança mão o covarde
que fere porque não sabe
da solidariedade
e não pode crer na bondade:
ainda não foi liberado
do leito do próprio parto.
A dor aguarda o ingrato:
pé a pé, calo a calo.
II
A avareza trafega
nas paredes do abismo
escuro do egoísmo
e, amarga, reverbera
o tilintar das moedas
conjuradas feito rezas:
mãos fechadas que significam
os nãos rotundos à vida.
O avaro e seus cobres
morrem no frio de seus cofres.
III
A ignorância é cega
e (surda e muda) acéfala
e não sabe nunca de nada,
se ocaso ou alvorada,
se início ou chegada;
vive no breu sem bengala,
sem tato e não discerne
o delírio da febre.
É a tirana das chagas
e dela poucos escapam.
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