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sexta-feira, 6 de maio de 2011

CICLOS

Não é saudade e sim comoção,
não é febre e sim sudorese,
não é vontade e sim convulsão,
não é reza e sim catequese,

não é brecha e sim imensidão,
não é inverno e sim iceberg,
não é eco e sim repetição,
não é berro e sim exegese.

A tua ausência é uma morte
viva, espalhada nos cemitérios
do meu corpo, em infinitas covas
onde me afundo e me enterro.

Recebo a penitência mais alta:
renascer e sentir a tua falta.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

NADA

Sou feito da inexata hora
em que o dia, prenhe de aurora,
destranca as portas do horizonte
e livra de vez o hoje do ontem

que parte, mas deixa o seu espólio
rico de esqueletos vaidosos,
nesta arquitetura diabólica
que te prende ao fingir que te solta

nos campos (de areia movediça)
da miragem colorida do verso,
do cheque sem fundos da poesia
e do poema no meio do brejo.

Sou feito do inexato nada
que o dia pinta de alvorada.

Marlos Degani

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Nova Iguaçu, Rio de Janeiro, Brazil
Marlos Degani, Nova Iguaçu/RJ, é jornalista. Lançou o seu primeiro livro de poemas chamado Sangue da Palavra em 2006 e que conta com a apresentação do poeta Ivan Junqueira, imortal da Academia Brasileira de Letras, falecido em 2014. Em setembro/14 lançou o segundo volume de poemas chamado INTERNADO, também pelo formato e-book, disponível nas melhores livrarias virtuais do planeta. Em 2021, pela Editora Patuá, lançou o seu terceiro volume, chamado UNIPLURAL. Participa como poeta convidado da edição número 104 da Revista Brasileira, editada pela Academia Brasileira de Letras, lançada em janeiro/21, ao lado de grandes nomes da literatura brasileira.