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quarta-feira, 28 de setembro de 2011

SEDE

Não há mais nada em mim
além deste corpo grande
que se perdeu dos seus sins
e do próximo instante.

Sou aquele condenado
mais outro que foi julgado
no tribunal da saudade
que, sem você, me invade.

Só você me ressuscita:
me dê um gole de vida.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

RECIFE

Ventos e sorrisos
ventos e ventos
na lapada do dia
esquinas de sal
de mar infinito
Recife um dia volto
me agarre, não me solto
do teu agridoce cheiro
de coisa boa, de tempero
do sertão e da cidade
ah, Recife me mate
ou me livre desta saudade...

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

MAIS ALÉM

Quando se ama mais do que se pode,
quando as palavras se esfacelam
do alto de um arrepio forte,
a dor, com outras dores, se reveza

nesta rara junção de calafrios
que trava o corpo e o espírito
imersos na neblina dum abismo
sem nem mesmo saber: morto ou vivo?

Assim, quando o amor vira chaga,
somente o tempo é que apaga
as marcas do ruidoso chicote
e liberta a carne de seus cortes.

Por que é mais, é chaga, é doído?
Porque ultrapassa o infinito.

Marlos Degani

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Nova Iguaçu, Rio de Janeiro, Brazil
Marlos Degani, Nova Iguaçu/RJ, é jornalista. Lançou o seu primeiro livro de poemas chamado Sangue da Palavra em 2006 e que conta com a apresentação do poeta Ivan Junqueira, imortal da Academia Brasileira de Letras, falecido em 2014. Em setembro/14 lançou o segundo volume de poemas chamado INTERNADO, também pelo formato e-book, disponível nas melhores livrarias virtuais do planeta. Em 2021, pela Editora Patuá, lançou o seu terceiro volume, chamado UNIPLURAL. Participa como poeta convidado da edição número 104 da Revista Brasileira, editada pela Academia Brasileira de Letras, lançada em janeiro/21, ao lado de grandes nomes da literatura brasileira.