Enquanto eu te beijava
(era todo teu o universo)
um mel de mim jorrava
inexistia o errado e o certo
só a tua língua que me guiava
aos céus: esplendor de azul aberto.
Enquanto eu te ateava
(era todo teu o tudo)
uma solda se soldava
inexistia o relativo e o absoluto
só o teu gozo que me sonegava
o tempo: fim do passado e do futuro.
Enquanto eu te reanimava
(era todo teu o líquido)
um outro ser rebentava
inexistia o início e o epílogo
só o teu riso que me congelava
de suor: doce e lívido armistício.
Enquanto eu te habitava
nem o nada mais importava.
domingo, 28 de junho de 2009
sexta-feira, 5 de junho de 2009
AAB-E-HAYAAT
A vida que deixei de saborear já não me basta;
nela nunca houve apelos de linha de chegada
tampouco a nefasta ilusão da falácia que sustenta
ser mel e finita o fel e a dízima periódica do poema.
A vida que deixei de enxergar já não me aponta
o frescor da manhã e a adstringência das brisas
que renovavam a pesada maquiagem bisonha
(paliativo ungüento contra esta dor que não termina).
A vida que deixei de tatear já não me incendeia
os pelos deitados nem enruga mais o mamilo
adormecido que outrora se vestia intumescido
mas que agora somente a saudade manuseia.
A vida que deixei de perfumar já não me entorpece
as narinas quando avisto de supetão o jasmineiro
que impregnava exuberante o meu corpo inteiro
e catapultava obstinado o seu olor feito uma catequese.
A vida que deixei de escutar já não me desconcerta
a alma paralisada que estranha aquela sublimação
de sons, tons e tocatas quando todo o peso sai do chão
e cria poderoso o vento que descerra a alfaia encoberta.
A vida dessas vidas que deixei lá fora no sereno amontoada
respira no aparelho que ainda sonha e quer e ruge e te aguarda.
nela nunca houve apelos de linha de chegada
tampouco a nefasta ilusão da falácia que sustenta
ser mel e finita o fel e a dízima periódica do poema.
A vida que deixei de enxergar já não me aponta
o frescor da manhã e a adstringência das brisas
que renovavam a pesada maquiagem bisonha
(paliativo ungüento contra esta dor que não termina).
A vida que deixei de tatear já não me incendeia
os pelos deitados nem enruga mais o mamilo
adormecido que outrora se vestia intumescido
mas que agora somente a saudade manuseia.
A vida que deixei de perfumar já não me entorpece
as narinas quando avisto de supetão o jasmineiro
que impregnava exuberante o meu corpo inteiro
e catapultava obstinado o seu olor feito uma catequese.
A vida que deixei de escutar já não me desconcerta
a alma paralisada que estranha aquela sublimação
de sons, tons e tocatas quando todo o peso sai do chão
e cria poderoso o vento que descerra a alfaia encoberta.
A vida dessas vidas que deixei lá fora no sereno amontoada
respira no aparelho que ainda sonha e quer e ruge e te aguarda.
Assinar:
Postagens (Atom)
Marlos Degani
- MARLOS DEGANI
- Nova Iguaçu, Rio de Janeiro, Brazil
- Marlos Degani, Nova Iguaçu/RJ, é jornalista. Lançou o seu primeiro livro de poemas chamado Sangue da Palavra em 2006 e que conta com a apresentação do poeta Ivan Junqueira, imortal da Academia Brasileira de Letras, falecido em 2014. Em setembro/14 lançou o segundo volume de poemas chamado INTERNADO, também pelo formato e-book, disponível nas melhores livrarias virtuais do planeta. Em 2021, pela Editora Patuá, lançou o seu terceiro volume, chamado UNIPLURAL. Participa como poeta convidado da edição número 104 da Revista Brasileira, editada pela Academia Brasileira de Letras, lançada em janeiro/21, ao lado de grandes nomes da literatura brasileira.