Morrer é muito pouco
não mata esta sede,
não preenche os ocos
por dentro das paredes
duras e dum concreto
espesso, indelével
feito de pedra, trago,
seringa e tabaco.
Escrevo e não acho
o que tanto procuro
e sei que o fracasso
cobre o meu futuro
− dízima periódica
e todos os seus números
que geram novos códigos
deste mundo inútil.
Minha dor é vampira,
se morre, ressuscita,
se sangra, cicatriza,
se morde, contamina
as entranhas da vida
e treme o meu verso,
sua o meu caderno,
molha a minha trilha.
Tem cor o meu abismo:
o breu do infinito.
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