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segunda-feira, 18 de maio de 2009

ECOS DESTEMIDOS

Soube da tua cadelice,
da calçada que fizeste cama.
Coragem, fúria ou sandice,
aventura, ironia ou drama

que me puseram assombrado
pelos ecos dos teus sussurros
(silencioso solfejo reverberado
nos vazios do meu peito escuro).

Invadido pela força da tua capela
— insistente fantasma que eleva
a minha temperatura e revela
uma subversiva erupção interna

contida entre grossas algemas de gritos,
abafada em fronhas de versos falidos,
nas expelidas correntezas solitárias
que fingem te trazer e mais nada —,

passo, então, a me perguntar, perplexo:
será possível que todos os reflexos
da tua voz se alojem feito gemidos
feito se eu fosse por eles escolhido?

Será que tuas onomatopéias ungidas
ao sabor daquelas públicas lambidas
entre o teu cachorro e a tua vagina
pescaram o meu desejo feito uma isca?

Como, afinal, escapar deste cruel calor insano
se teu corpo e teus uivos são o que quero tanto?

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Marlos Degani

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Nova Iguaçu, Rio de Janeiro, Brazil
Participa do grupo de poesia Desmaio Públiko em Nova Iguaçu. É jornalista, escreve crônicas periódicas no sítio do Baixada Fácil www.baixadafacil.com.br e lançou de seu primeiro livro de poemas chamado Sangue da Palavra em 2007 e um CD de poemas chamado MARLOS DEGANI - ATÉ AGORA em 2009, com a sua poesia completa (édita e inédita). Lançou em set/14 seu segundo volume de poemas chamado INTERNADO no formato e-book, já disponível nas melhores virtuais. Contato: marlosdegani@gmail.com