Cerco a noite
e farejo suas sombras
ausentes, camufladas.
Cerco a noite
e assim, no breu, dissipo e abafo
o estrilar silencioso do meu brado.
Cerco a noite
e desconheço o que me aguarda:
se pistas do poema ou ciladas.
Então ― cerco a noite ― e insisto
em naus a pique, imerso no desabrigo
feito se fosse um náufrago distraído.
(Cézar Ray e Marlos Degani, in NI, manhã de sol, brejas e papel de mesa, 2006)
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