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sábado, 22 de dezembro de 2012

POUCO A POUCO


As pálpebras da tarde
− em raro escarlate −
sucumbiram ao peso
e ao desassossego

febril do breu da noite
que veloz e audaz
apaga horizontes
e cega astrolábios.

O nanquim que tingiu
o céu não dividiu
a escuridão plena
da dor que representa

esta tua ausência,
esta sede sedenta,
esta cor modorrenta,
esta peste endêmica

e que sem dó desdenha
da minha morte. Lenta.

domingo, 2 de dezembro de 2012

ILÍCITA


 Teu corpo é uma nítida imagem
  teimosa ― bandidos flashes repentinos

  que espocam clandestinos nos meus sonhos
  recheados de sussurrantes desejos proibidos.

 
  Teu corpo estrelado se transformou
  numa implacável e falecida esperança

  já que nenhuma fé, oração ou artimanha
  é capaz de mover um palmo desta montanha.

 
  Teu corpo permanecerá de vez sonegado
  sem unguento para aliviar esta tortura

  a traduzir o teu límpido olhar que acusa:
  agridoce é o pavor de saber-te minha cura.                             


Marlos Degani

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Nova Iguaçu, Rio de Janeiro, Brazil
Participa do grupo de poesia Desmaio Públiko em Nova Iguaçu. É jornalista, escreve crônicas periódicas no sítio do Baixada Fácil www.baixadafacil.com.br e lançou de seu primeiro livro de poemas chamado Sangue da Palavra em 2007 e um CD de poemas chamado MARLOS DEGANI - ATÉ AGORA em 2009, com a sua poesia completa (édita e inédita). Lançou em set/14 seu segundo volume de poemas chamado INTERNADO no formato e-book, já disponível nas melhores virtuais. Contato: marlosdegani@gmail.com