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sexta-feira, 19 de julho de 2013

NATIMORTO



Não há condições. Hoje pulsa algo mais urgente
Do que a sandice de qualquer métrica. Não hoje.
Não agora que a volúpia fremente da sua presença
Reverbera decidida por entre os vazios do meu corpo

E adere ao plasma da minha alma: não é somente a carne
Que deseja a sua majestade e tudo em mim exige você,
Pedaço por pedaço, segredo por segredo, anseio por anseio...
E quem mais poderia trazer do meu coração descompassado

Os ecos da única palavra que, enfim, sobrou no dicionário?
Meu verso se derrete e escorre nos contornos do seu desenho
Tão nítido e solto à minha volta feito um sonho acordado
Entre os intervalos do dia, cada vez mais raros e sedentos.

O que pode ser mais asfixiante? O seu feromônio que vem
Num vento quente e veloz, mesmo distante? Ou que esta urgência,
Quando o sol entra em cena, vira fuligem que sobe e se espalha
Pelo espaço faminto na boca do buraco negro da realidade?

Marlos Degani

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Nova Iguaçu, Rio de Janeiro, Brazil
Participa do grupo de poesia Desmaio Públiko em Nova Iguaçu. É jornalista, escreve crônicas periódicas no sítio do Baixada Fácil www.baixadafacil.com.br e lançou de seu primeiro livro de poemas chamado Sangue da Palavra em 2007 e um CD de poemas chamado MARLOS DEGANI - ATÉ AGORA em 2009, com a sua poesia completa (édita e inédita). Lançou em set/14 seu segundo volume de poemas chamado INTERNADO no formato e-book, já disponível nas melhores virtuais. Contato: marlosdegani@gmail.com