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sexta-feira, 6 de maio de 2011

CICLOS

Não é saudade e sim comoção,
não é febre e sim sudorese,
não é vontade e sim convulsão,
não é reza e sim catequese,

não é brecha e sim imensidão,
não é inverno e sim iceberg,
não é eco e sim repetição,
não é berro e sim exegese.

A tua ausência é uma morte
viva, espalhada nos cemitérios
do meu corpo, em infinitas covas
onde me afundo e me enterro.

Recebo a penitência mais alta:
renascer e sentir a tua falta.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

NADA

Sou feito da inexata hora
em que o dia, prenhe de aurora,
destranca as portas do horizonte
e livra de vez o hoje do ontem

que parte, mas deixa o seu espólio
rico de esqueletos vaidosos,
nesta arquitetura diabólica
que te prende ao fingir que te solta

nos campos (de areia movediça)
da miragem colorida do verso,
do cheque sem fundos da poesia
e do poema no meio do brejo.

Sou feito do inexato nada
que o dia pinta de alvorada.

Marlos Degani

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Nova Iguaçu, Rio de Janeiro, Brazil
Participa do grupo de poesia Desmaio Públiko em Nova Iguaçu. É jornalista, escreve crônicas periódicas no sítio do Baixada Fácil www.baixadafacil.com.br e lançou de seu primeiro livro de poemas chamado Sangue da Palavra em 2007 e um CD de poemas chamado MARLOS DEGANI - ATÉ AGORA em 2009, com a sua poesia completa (édita e inédita). Lançou em set/14 seu segundo volume de poemas chamado INTERNADO no formato e-book, já disponível nas melhores virtuais. Contato: marlosdegani@gmail.com