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quinta-feira, 29 de novembro de 2012

BASTA


Vou dar um basta,
contudo, há?
Lê e escreve?
Qual o remédio

que usa? Uca,
fumo, clausura,
ácido, grito,
bala ou tiro?

O tal de basta
(pura falácia)
traz muitos nomes
que se escondem

entre os eixos
da madrugada
de breu, de beco
(pura cilada).

A alvorada
reduzirá
em rudes cinzas
a ladainha

de um poema
− feito o basta –
que não se basta,
mas te enfrenta.

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

TUDO


Mesmo que mil da Vincis se juntassem,
não seriam finalmente capazes
à tradução numa obra de arte,
dos bordos, das cores, da majestade

deste teu par – ímpar – mais que perfeito
(de seios, além de seios, de pêssegos)
que o meu olhar exige despido,
ainda que sob o linho dos linhos.

Assim, sonho com o teu calafrio
nas macias esquinas de mamilos
em riste, trêmulos, intumescidos
e orvalhados pelo infinito.

Meu verso, agora, é o teu súdito
e a minha guerra e o meu mundo.

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

SONETO PAPO RETO


Alguém mais pode, um tanto que fosse,
ser mais bonita, mais exuberante
(que reclassifica o horizonte
e atiça as chamas dos amantes)?

Dona dos cabelos esvoaçados,
da boca desenhada que carrega
o clamor para todos os pecados
da minha clava na tua caverna.
.
Há, porém, algo a ser reparado,
já que a beleza abre as portas,
mas cobra bem de quem não se comporta
e tem vertigens à beira do palco,

este, do qual necessita descer,
voltar ao chão: brotar e renascer.

Marlos Degani

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Nova Iguaçu, Rio de Janeiro, Brazil
Participa do grupo de poesia Desmaio Públiko em Nova Iguaçu. É jornalista, escreve crônicas periódicas no sítio do Baixada Fácil www.baixadafacil.com.br e lançou de seu primeiro livro de poemas chamado Sangue da Palavra em 2007 e um CD de poemas chamado MARLOS DEGANI - ATÉ AGORA em 2009, com a sua poesia completa (édita e inédita). Lançou em set/14 seu segundo volume de poemas chamado INTERNADO no formato e-book, já disponível nas melhores virtuais. Contato: marlosdegani@gmail.com