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quinta-feira, 11 de outubro de 2012

MERGULHO


Morrer é muito pouco
não mata esta sede,
não preenche os ocos
por dentro das paredes
duras e dum concreto
espesso, indelével
feito de pedra, trago,
seringa e tabaco.
Escrevo e não acho
o que tanto procuro
e sei que o fracasso
cobre o meu futuro
− dízima periódica
e todos os seus números
que geram novos códigos
deste mundo inútil.
Minha dor é vampira,
se morre, ressuscita,
se sangra, cicatriza,
se morde, contamina
as entranhas da vida
e treme o meu verso,
sua o meu caderno,
molha a minha trilha.
Tem cor o meu abismo:
o breu do infinito.

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Marlos Degani

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Nova Iguaçu, Rio de Janeiro, Brazil
Participa do grupo de poesia Desmaio Públiko em Nova Iguaçu. É jornalista, escreve crônicas periódicas no sítio do Baixada Fácil www.baixadafacil.com.br e lançou de seu primeiro livro de poemas chamado Sangue da Palavra em 2007 e um CD de poemas chamado MARLOS DEGANI - ATÉ AGORA em 2009, com a sua poesia completa (édita e inédita). Lançou em set/14 seu segundo volume de poemas chamado INTERNADO no formato e-book, já disponível nas melhores virtuais. Contato: marlosdegani@gmail.com