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sexta-feira, 19 de julho de 2013

NATIMORTO



Não há condições. Hoje pulsa algo mais urgente
Do que a sandice de qualquer métrica. Não hoje.
Não agora que a volúpia fremente da sua presença
Reverbera decidida por entre os vazios do meu corpo

E adere ao plasma da minha alma: não é somente a carne
Que deseja a sua majestade e tudo em mim exige você,
Pedaço por pedaço, segredo por segredo, anseio por anseio...
E quem mais poderia trazer do meu coração descompassado

Os ecos da única palavra que, enfim, sobrou no dicionário?
Meu verso se derrete e escorre nos contornos do seu desenho
Tão nítido e solto à minha volta feito um sonho acordado
Entre os intervalos do dia, cada vez mais raros e sedentos.

O que pode ser mais asfixiante? O seu feromônio que vem
Num vento quente e veloz, mesmo distante? Ou que esta urgência,
Quando o sol entra em cena, vira fuligem que sobe e se espalha
Pelo espaço faminto na boca do buraco negro da realidade?

quarta-feira, 19 de junho de 2013

TIRANIA



E deu a nona hora

quando a madrugada

veste a sua capa

e encerra a cota

 

dos anjos que te guardam:

é a vez do Diabo

e dos ferros das hordas

em brasas sulfurosas

 

que separam a alma

da falácia do corpo

e o que era sonho,

agora, é fantasma,

 

é sombra que delata

a densa maquiagem

que em toda fracassa...

E frágil foi a máscara

 

e forte o desastre

do pior que ocorre

a dor que nem a morte

ou mesmo o Crispado

 

podem, porque é dela

a voz, a majestade

da noite que governa

o breu desta saudade.

terça-feira, 11 de junho de 2013

SOB MEDIDA



A dor da tua partida
elevou o que em mim
de fato me justifica:
não há um outro caminho

que não faça a passagem
pelo breu do labirinto
que faz do fim, infinito
e da certeza, miragem.

Nada pode ser mais pérfido,
mais cortante e mais célere
do que esta insistente
comichão, esta enchente

corrosiva, este lago
misto de mel e de ácido
e de Deus e do Diabo
e das auroras que nascem

entre brechas do ocaso.
E o dia se mistura
e com a noite escura
reinventa o espaço;

é quando o universo,
tudo, todo, vem e veste
os bordos da tua pele:
o côncavo no convexo.

sábado, 8 de junho de 2013

PERPÉTUA



Os dias são seus; todos; suntuosos;
e não há um que caiba no meu plano,
o que restou depois do terremoto
do seu adeus mudo, mas que emana

o tremor do silêncio – travestido,
feito um rio por entre os dedos;
feito quase uma morte morrida
e seu nada, veloz, sem meio-termo.

Sob a terra que ainda se abre,
surgem penhascos que me escorregam
para o infinito do inferno
− o reino de uma paz ao contrário,

tirana, que cassa o meu mandato:
alma e corpo jogados no mato.

sábado, 25 de maio de 2013

FABULOSA



Até parece que persigo
o que a mim é proibido...
Não fosse pouco o poema
há algo mais que me algema:

a tua ourivesaria
tão rara e que equilibra
o menino e a menina
que, opostos, se harmonizam

desde o sangue que trafega
(nas teias dos ocos das veias)
à fluência de escanteio
dos teus flancos na minha febre.

O céu bordou o teu vestido
com o cetim do infinito. 

terça-feira, 21 de maio de 2013

UBÍQUO



O poeta não carece ─ feito o clichê da tua sentença ─
de desequilibrar-se em seus próprios e cálidos passos
nem depende, por desimportantes, dos erros crassos
já que pouco ensinam sem a lição da rara clarividência

que vislumbra, abriga e aceita uma essencial submissão
─ não aquela cega, de joelhos, curvada e perdida
dos fracos, dos crentes depositários, dos milagristas,
dos que vestem a fé das esquinas e clamam por salvação.

Teu decreto, em majestosos versos, defende a tese
de que a reflexão desse poeta se resume num amplo nada,
num vazio hermético onde ele é bolha e resplandece
em elucubrações cíclicas, demiúrgicas, alucinadas;

nele, reza ainda, um improvável e ácido entendimento
sobre as batalhas que ele trava na solidão das madrugadas,
postas na angústia veemente ─ revertida em fomento ─
que trafega na via onde nem tudo precisa de linha de chegada.

Ateia a chama poderosa da coragem e da realidade
no elo desse cadeado de titânio que tranca as cercas
léxicas do teu cômodo e já explorado hectare,
alça um novo olhar no alvo e na veia das veredas

infinitas do poema, da sua dimensão aberta,
do seu arcabouço indomável, dos seus deltas,
dos caminhos que te convidam ao mistério
de querer sabê-lo sem feri-lo com a tua flecha.

Não posso condenar-te por recusar uma busca
que não tem fim e que só oferece a derrota
inegociável, dura, carrasca, insana, crua,
feito o riso pálido de uma incompreendida anedota

que estoca a tua cabeça e teimoso te cobra
a solução, a raiz, o xis que fugiu pela porta
e que te deixa angustiado, preso, subtraído
quando nenhum copo te sacia ou te acalma o juízo.

 As dores e os tremores desta guerra suicida,
a qual alberguei na alma, sem nenhuma saída,
não compartilha palavras, mas contém charadas
que se camuflam nas interseções dos mapas,

como a dizer-me ─ no dialeto das encruzilhadas ─
por meio dos uivos dos ventos e do gelo das nevascas,
para que eu quebre os meus espelhos em pedaços
e imerso no sangue jorrado e refletido nos cacos

eu, possa, enfim, confessar vencido, sereno e resignado
que o poema não existe mas está em todos os espaços
e quando o poeta segue com perseverança o seu rastro,
repete a sua única verdade nesse mar salgado de estilhaços:

“Na bissetriz onde não o assisto, mas somente ao cansaço,
é ali mesmo que, pobre diabo, eu me ressuscito e me acho.”

quinta-feira, 16 de maio de 2013

METÁSTASE




A cada dia que passa
o horror da tua falta
corcoveia no inferno
oco onde não há eco.

E de que serve a alma
se é o corpo que pede
a compressa delicada
do calor da tua pele?

Na clausura deste vácuo
a morte não é unguento
porque não há passamento
ou de Deus ou do Diabo

que preencha o buraco
negro e esfomeado
da carcoma da saudade
este coma, esta carne

 estrangeira, infiltrada
 que se torna majestade
 e decreta que a vida
  mora na tua metade.

terça-feira, 14 de maio de 2013

ALMISCARADA



A velocidade das horas
é incapaz e não suporta
o odor teimoso e amplo
que predomina nos meus flancos

feito se este teu perfume
fosse qual uma tatuagem
de aromas que me invadem
e me atiçam... Que seduzem

o corpo de pelos em riste
e de pupilas dilatadas
pois dos meus sonhos és a fada
e tudo o mais que existe.

Te farejo entre espasmos:
são teus todos os meus pedaços.

sábado, 4 de maio de 2013

FEITORA


Teimo na lembrança do teu sorriso,
esta que é tirana, invasiva,
esta, maior do que o infinito,
e, vil, faz das auroras, inimigas

luminosas que ferem o meu breu
quando expõem nos córregos dos becos
as palafitas desta minha alma
sobre o esgoto da tua falta.

O eco do teu gozo afobado
ressoa entre vísceras e poros
e eriça meus pelos; meu cajado...
Em riste que fareja o teu rastro.

Esta saudade é feito senzala
e tua escassez, as chibatadas.

segunda-feira, 22 de abril de 2013

PRESENÇA


Agora sou encantamento,
todo, por dentro e por fora
feito se fosse uma troca,
um escambo de mil desejos

que fez do dia teu escravo
(tudo em mim tem o teu nome
um misto de febre e fome)
e do caminho um atalho.

É tua a boca que chama
o poeta, este, em chamas.

sábado, 6 de abril de 2013

PORQUE NÃO É PRECISO


Resolvi escapar do calabouço
escuro de todos os meus porquês,
mas ele sempre estará exposto
na marca do seu ferro cor de breu.

Sem demora logo veio a brisa
e desdenhei de saber o motivo
dela; não gritei por nenhum sentido:
defini que era indefinida.

Pude, então, descansar da tortura
vã de achar uma nomenclatura
que pudesse traduzir o teu beijo
(mais doce do que o manjar dos deuses).

Nos vazios o nada se desloca:
sem pergunta, pode haver resposta.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

BLUE LABEL


Há muito tempo que pelas meus pelos
e viro, ao ver-te, homem-ouriço
nesta armadura de calafrios
que surge quando sinto o teu cheiro

feito cão que ladra ao meio-dia
e fareja todos teus feromônios
e que tem a chave da escotilha
onde aprisionas teus demônios.

Não vejo as rugas da tua pele,
pois os aromas, quando envelhecem,
têm autoridade sobre os ventos
que a ti transportam ventas à dentro.

Entre os teus delicados perfumes
o amor é leve, mas tem volume. 

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

BRAVO



Parece que o amor insiste
Em ser somente teu e teu
E solto
Não me larga
Mesmo com a bateria fraca
Desses dias de diferentes mapas
Entre a minha e a tua estrada
Deve saber que a chama
Que nasceu além da cama
Resiste à tempestade
E sua luz ainda nos invade.
Parece que o amor insiste
Pois quando faltas, tudo é triste.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

ESPELHO?


                 
                  I

Podes até achar vil e soberbo
fazer do meu humílimo soneto
um estandarte, resumo e ápice
de toda esta contrariedade

que a tua estúpida e bífida
língua, que de tão azeda, amarga
à repulsa, além da ojeriza,
a maresia das tuas palavras

− cardume flutuante de falácias
modorrentas que apenas exalam
este olor de ontens repetidos,
este samba mudo, sem surdo, pífio.

Resta a tristeza, o desperdício:
não saber-te teu maior inimigo.

                 II

Foi-se o que havia na garrafa,
mas não me sinto anestesiado
pois este parto que é o poema
jorra sangue e dentro da placenta

nada há; é natimorto o feto
− desorganismo amorfo de versos –
que irrompe quando a alvorada
lança sobre o breu da madrugada

um feixe da fresta que é aberta
− aí é que se fode o poeta
que detesta luz em sua caverna –
e faz cinzas da inútil matéria...

É sobre fracassos o meu trabalho.
E o teu? Caçar o próprio rabo?


sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

INFINITOS


 O que o mar sim ensina ao canavial:
  o avançar em linha rasteira da onda;
  o espraiar-se minucioso, de líquido,
  alagando cova a cova onde se alonga.
  O que o canavial sim ensina ao mar:
  a elocução horizontal de seu verso;
  a geórgica de cordel, ininterrupta,
   narrada em voz e silêncio paralelos.

(João Cabral de Melo Neto em “O mar e o canavial”)

  
Agora o meu verso sabe
de que os fins não são estáticos
e o poema e a vida
acabam, mas nunca terminam.

Da vida o poema tira
a teimosia das auroras
que vão feito marés; e voltam
e permitem o novo dia.

Do poema a vida tira
a teimosia dos rascunhos
que já rebentam moribundos
− escravos que são do futuro.

Da vida o poema nega
a sombra disforme do corpo
pois toda a sua matéria
não roça na pena do homem.

Do poema a vida nega
a solidão da madrugada     
de um papel que não revela
o xis de sua matemática.

O poema é uma vida
e a vida é um poema?
Se a vida for um poema...
O poema, vida, nem liga.

  

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

INCÊNDIO


 Teu, o amor que me inaugurou
 naquele olhar amplo, de mil línguas,
 mas, da palavra, ninguém precisou
 e, se precisasse, não haveria

 em qualquer gemido, nos dialetos,
 nos urros, grafias ou palimpsestos;
 qual é o nome? Quem batizaria
 uma paradoxal euforia

 que me faz crer e ser somente minha
 toda esta tua engenharia
 − teu pântano doce, almiscarado,
 teu Morro Dois Irmãos e o teu hálito?

 Teu amor: o raio que acendeu
 o sol da meia-noite do meu breu.


sábado, 22 de dezembro de 2012

POUCO A POUCO


As pálpebras da tarde
− em raro escarlate −
sucumbiram ao peso
e ao desassossego

febril do breu da noite
que veloz e audaz
apaga horizontes
e cega astrolábios.

O nanquim que tingiu
o céu não dividiu
a escuridão plena
da dor que representa

esta tua ausência,
esta sede sedenta,
esta cor modorrenta,
esta peste endêmica

e que sem dó desdenha
da minha morte. Lenta.

domingo, 2 de dezembro de 2012

ILÍCITA


 Teu corpo é uma nítida imagem
  teimosa ― bandidos flashes repentinos

  que espocam clandestinos nos meus sonhos
  recheados de sussurrantes desejos proibidos.

 
  Teu corpo estrelado se transformou
  numa implacável e falecida esperança

  já que nenhuma fé, oração ou artimanha
  é capaz de mover um palmo desta montanha.

 
  Teu corpo permanecerá de vez sonegado
  sem unguento para aliviar esta tortura

  a traduzir o teu límpido olhar que acusa:
  agridoce é o pavor de saber-te minha cura.                             


quinta-feira, 29 de novembro de 2012

BASTA


Vou dar um basta,
contudo, há?
Lê e escreve?
Qual o remédio

que usa? Uca,
fumo, clausura,
ácido, grito,
bala ou tiro?

O tal de basta
(pura falácia)
traz muitos nomes
que se escondem

entre os eixos
da madrugada
de breu, de beco
(pura cilada).

A alvorada
reduzirá
em rudes cinzas
a ladainha

de um poema
− feito o basta –
que não se basta,
mas te enfrenta.

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

TUDO


Mesmo que mil da Vincis se juntassem,
não seriam finalmente capazes
à tradução numa obra de arte,
dos bordos, das cores, da majestade

deste teu par – ímpar – mais que perfeito
(de seios, além de seios, de pêssegos)
que o meu olhar exige despido,
ainda que sob o linho dos linhos.

Assim, sonho com o teu calafrio
nas macias esquinas de mamilos
em riste, trêmulos, intumescidos
e orvalhados pelo infinito.

Meu verso, agora, é o teu súdito
e a minha guerra e o meu mundo.

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

SONETO PAPO RETO


Alguém mais pode, um tanto que fosse,
ser mais bonita, mais exuberante
(que reclassifica o horizonte
e atiça as chamas dos amantes)?

Dona dos cabelos esvoaçados,
da boca desenhada que carrega
o clamor para todos os pecados
da minha clava na tua caverna.
.
Há, porém, algo a ser reparado,
já que a beleza abre as portas,
mas cobra bem de quem não se comporta
e tem vertigens à beira do palco,

este, do qual necessita descer,
voltar ao chão: brotar e renascer.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

EPÍLOGOS


Sou um poço de vícios,
uma luz apagada,
um estranho no ninho
que a lucidez bate
com cinta de espinhos
até quando a tarde
reza pelo epílogo
do ocaso da carne.

Sou a sobra do dia,
o que, na madrugada,
se desenha sob trilhas,
esgotamento, fábulas
e inúteis bravatas
que, diante do crivo
do sol, viram fumaça...
Insistente destino.

Sou um rio sem leito,
esmo, sem correntezas,
sem quilhas, sem estrelas,
onde não há desejo,
senão o de dar fim
à vida que, em mim,

foi feito o poema:

só a dor os algema.

sábado, 20 de outubro de 2012

PALAVRA


Minha palavra não basta;
palavra: poeira rala,
palavra que fala
em mudez alta.

Quero a palavra
que liberte a calma
do corpo e da alma.
Qual a palavra?

Bolsa? Bússola? Navalha?
Qual será a palavra?

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

MERGULHO


Morrer é muito pouco
não mata esta sede,
não preenche os ocos
por dentro das paredes
duras e dum concreto
espesso, indelével
feito de pedra, trago,
seringa e tabaco.
Escrevo e não acho
o que tanto procuro
e sei que o fracasso
cobre o meu futuro
− dízima periódica
e todos os seus números
que geram novos códigos
deste mundo inútil.
Minha dor é vampira,
se morre, ressuscita,
se sangra, cicatriza,
se morde, contamina
as entranhas da vida
e treme o meu verso,
sua o meu caderno,
molha a minha trilha.
Tem cor o meu abismo:
o breu do infinito.

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

AGORA


Rubra é a aposta que colore
meus pensamentos que, ultimamente,
exploram uma única hipótese:
amar-te já; imediatamente,

músculo a músculo, ai a ai,
colo a colo, sêmen à semente,
pois quando dois urgem o mesmo brado
algemam o tempo; só há presente.

É lívida a cor da minha face.
É metal este desejo que nasce.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

ALVA − Alvo −


O teu sorriso é feito um guia,
um farol, um imã para a minha
quilha, um delicado astrolábio,
uma estrela sedenta, um arco

de carnes trêmulas, portão da língua
que quero mais do que a cocaína,
mais do que o fumo do meu cigarro,
mais do que o alto grau do meu trago.

O teu sorriso é o passaporte
para a terra dos gemidos fortes,
onde o tempo não passa dum tempo
e a morte, dum orgasmo intenso.

O teu sorriso agridoce brilha,
vela no breu: o sol do meio-dia.

terça-feira, 4 de setembro de 2012

SOMENTE


Quando te amo
− carnes em carnes,
prantos em prantos,
partes em tardes –

assim, de tanto
modo sem modos,
assim: sem norte
e sul e santo,

solto o tempo
das minhas garras
e redesenho
as alvoradas.

Quando te amo
somente amo.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

LEVE


    
Nada: nem erva,
nem pó, nem lapada,
nem pico, nem bala,
nem ácido, nem pedra.

Nada é mais caro,
nada se compara
à onda que me espalha
no levitar do teu barato.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

AINDA É CEDO


Sim, sei que sabes muito bem
de que não somos permitidos
pois nem sequer me deu ouvidos
a este tanto que ninguém

além de ti provocaria.
Imagino: que bom seria
guiar-te pelas tuas curvas
que ainda estão ocultas.

Mas que dó! Por que dispensar
o que com outro não terás?

segunda-feira, 12 de março de 2012

SINAL DE PAZ

Não perca tempo!
O teu discurso
contém o tudo
que eu dispenso

(o alto peso
das tuas cercas
de nós, de medo
e de certezas).

Não adianta!
Vivo a vida
atrás do samba
de cada dia.

EM CHAMAS

Teu corpo é a majestade
do nosso reino ofegante,
das onomatopéias fartas
no dialeto dos amantes.

Que tipo de poder emanas?
Um que traz esta paz em chamas?

Marlos Degani

Minha foto
Nova Iguaçu, Rio de Janeiro, Brazil
Marlos Degani, Nova Iguaçu/RJ, é jornalista. Lançou o seu primeiro livro de poemas chamado Sangue da Palavra em 2006 e que conta com a apresentação do poeta Ivan Junqueira, imortal da Academia Brasileira de Letras, falecido em 2014. Em setembro/14 lançou o segundo volume de poemas chamado INTERNADO, também pelo formato e-book, disponível nas melhores livrarias virtuais do planeta. Em 2021, pela Editora Patuá, lançou o seu terceiro volume, chamado UNIPLURAL. Participa como poeta convidado da edição número 104 da Revista Brasileira, editada pela Academia Brasileira de Letras, lançada em janeiro/21, ao lado de grandes nomes da literatura brasileira.