segunda-feira, 12 de março de 2012
SINAL DE PAZ
EM CHAMAS
quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012
VIDA
sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012
ARAPUCA
segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012
INVERTEBRADO
quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012
CARMA
sexta-feira, 27 de janeiro de 2012
DELÍRIOS
um crime perfeito:
minha mão no teu seio,
meu ar quente e bandido
nas costas do teu infinito,
num silêncio arfado,
cristalina nudez conivente
que afastaria os pecados
e se encerraria feito um amém
quando eu te cravasse os dentes;
sorveria as ondas do teu pescoço,
lado esquerdo, lado direito, lados unidos
por uma só barulhenta lambida
que desceria agora pelas vértebras,
uma a uma, nervo a nervo, osso a osso,
curva a curva, medula a medula, dorso a dorso
e se estenderia até ao cóxix pontiagudo
quando deitaria-te dez dedos nesse mar macio
e curvaria-te submissa à beirada da cama:
poria-te loba, toda, toda cachorra.
Abriria incisivo tuas bundas rarefeitas
e avistaria paraísos intumescidos;
largaria-te a mão, esfregaria teus buracos
molhados: ouviria teus solos desafinados,
tuas onomatopéias incompreensíveis,
tuas palavras dispersas, sussurrantes,
tua língua de fora e passeadeira pelo buço.
Veria tuas mãos amassando os lençóis,
teus cabelos em plena revolução fremente
e o mundo todo pintado da tua cor de perfeição.
Acordei de supetão.
GUARDIÃO
um só momento solto destas algemas
que enclausuram de forma definitiva
a vontade passageira de admitir o poema,
de passear serelepe na orla de um mar
qual fosse a exatidão perene das baías,
de poder chamar o pôr-do-sol de poesia,
livre dele e da censura do seu crivo tutelar,
vigilante e atento, que, até durante o meu sono,
crava nos íntimos sonhos a sua pena de ferro
a borrar qualquer tentativa do poema aberto,
negando-lhe a matéria do alto do seu trono
silencioso que orbita por entre céus efêmeros,
pois o horizonte que busco é utópico e inexistente;
ouço apenas um recado deste obsessor que me atormenta:
― O poeta não tem saída: só lhe resta a derrota do poema.
sexta-feira, 20 de janeiro de 2012
SOBRE A SAUDADE
Sábia e econômica, a saudade
habita a estrada da verdade,
daquilo que é verdade, que arde,
explícito algo sem rédeas, ondas em disparate;
vem como visita sem convite, sem alarde,
passageira de uma insólita viagem
mesclada entre o receio e a necessidade
de amor, de sexo, de tato ou de amizade.
Ninguém a observa quando verseja,
nem vulto, nem estampido, nem estandarte:
ocorre na trêmula margem da maré cheia
num hiato permissivo da vida e o do que fora arte
— quadro daquele instante,
poema do envelhecido guardanapo,
escultura do inesquecível,
sinfonia da tranqüilidade,
gravura do simultâneo,
clique da claridade,
dança do gozo,
ato da sintonia,
cenário da harmonia,
instalação do prazer,
ópera da amplidão
num roteiro das rosáceas.
Pode ser Buda, pode ser Oxalá
ou um pêndulo dúbio da alegria
e também o do lado da agonia,
das chamas do inferno,
do anticristo na sacristia.
Conforta o hoje,
mas no agora
é a que desespera
— rainha dos escombros —
é do caminho, a camuflada pedra;
é a dois-em-um,
a dicotomia,
o passo em falso,
a surpresa que ressuscita
e o zumbi que medra.
É a fada, a bruxa dos feitiços,
a quintessência dos extremos:
abraça e nocauteia,
ferve e congela,
paralisa e samba;
faz e não acontece,
purifica e envenena,
anula e impulsiona
deixa e apreende,
muda mas estaciona;
Lê e não decifra,
recomeça e termina,
beija mas não emana,
decide mas não vota,
enfurece mas não espanta;
morde e amortiza,
condensa e sublima,
cresce mas não levanta.
Eterniza mas sacrifica,
ama mas não encanta.
terça-feira, 27 de dezembro de 2011
VAZIOS
sexta-feira, 23 de dezembro de 2011
SOBRE A NOITE
quinta-feira, 15 de dezembro de 2011
ENSAIOS
segunda-feira, 12 de dezembro de 2011
SOBRE A DÚVIDA
sábado, 10 de dezembro de 2011
CONVICÇÃO
CHAMAS
CINZAS
onde o insone palhaço pediu licença,
pois desde a sua partida fria e intensa,
ele procura e não acha nenhum sorriso,
feito navegar num rio que perdeu seu leito,
feito o sol que cabulou o dia e não nasceu
e fez perdurar a noite nos breus dos becos
para velar a minha vida que sem você morreu.
MILAGRE
30 CONCRETOS
quarta-feira, 30 de novembro de 2011
HORIZONTE
CLANDESTINOS
quarta-feira, 28 de setembro de 2011
SEDE
terça-feira, 27 de setembro de 2011
RECIFE
quinta-feira, 15 de setembro de 2011
MAIS ALÉM
terça-feira, 30 de agosto de 2011
PARALELAS
segunda-feira, 22 de agosto de 2011
SEGREDO
sábado, 20 de agosto de 2011
GORJEIOS XV
Tente emergir das profundezas do umbigo: desconecte-se do cordão que o une a si mesmo; livre-se de você; expulse-se; jubile-se; reinicie-se.
* Nota do Autor: GORJEIOS é uma série inspirada no modo de publicação que existe no sítio do TWITTER, cujos TWEETS (mensagens de até no máximo 140 caracteres) são sinônimos, em Língua Portuguesa, de gorjeio, chilrear, pipilar, entre outros sons de pássaros. O poeta posta reflexões soltas, passarinheiras, sem maiores pretensões e que possuem, irrevogavelmente, exatos 140 caracteres. Siga o poeta no TWITTER: @MarlosDegani
GORJEIOS XIV
Quando os dias não têm mais nenhum repertório e as horas são sempre as mesmas horas monocórdicas que só tocam uma canção: saudade, saudade..
* Nota do Autor: GORJEIOS é uma série inspirada no modo de publicação que existe no sítio do TWITTER, cujos TWEETS (mensagens de até no máximo 140 caracteres) são sinônimos, em Língua Portuguesa, de gorjeio, chilrear, pipilar, entre outros sons de pássaros. O poeta posta reflexões soltas, passarinheiras, sem maiores pretensões e que possuem, irrevogavelmente, exatos 140 caracteres. Siga o poeta no TWITTER: @MarlosDegani
GORJEIOS XIII
O sofrimento é diretamente proporcional à falta de ponderação de cada um. E vice-versa. Harmonizar é sempre a melhor opção: livrar-se do eu.
* Nota do Autor: GORJEIOS é uma série inspirada no modo de publicação que existe no sítio do TWITTER, cujos TWEETS (mensagens de até no máximo 140 caracteres) são sinônimos, em Língua Portuguesa, de gorjeio, chilrear, pipilar, entre outros sons de pássaros. O poeta posta reflexões soltas, passarinheiras, sem maiores pretensões e que possuem, irrevogavelmente, exatos 140 caracteres. Siga o poeta no TWITTER: @MarlosDegani
GORJEIOS XII
* Nota do Autor: GORJEIOS é uma série inspirada no modo de publicação que existe no sítio do TWITTER, cujos TWEETS (mensagens de até no máximo 140 caracteres) são sinônimos, em Língua Portuguesa, de gorjeio, chilrear, pipilar, entre outros sons de pássaros. O poeta posta reflexões soltas, passarinheiras, sem maiores pretensões e que possuem, irrevogavelmente, exatos 140 caracteres. Siga o poeta no TWITTER: @MarlosDegani
GORJEIOS XI
A madrugada foi de frio e saudades. De choros e travesseiros ao alto. De medos e sussurros. De cães ladrando ao longe. De insônia de você...
* Nota do Autor: GORJEIOS é uma série inspirada no modo de publicação que existe no sítio do TWITTER, cujos TWEETS (mensagens de até no máximo 140 caracteres) são sinônimos, em Língua Portuguesa, de gorjeio, chilrear, pipilar, entre outros sons de pássaros. O poeta posta reflexões soltas, passarinheiras, sem maiores pretensões e que possuem, irrevogavelmente, exatos 140 caracteres. Siga o poeta no TWITTER: @MarlosDegani
terça-feira, 7 de junho de 2011
NUVENS
sexta-feira, 6 de maio de 2011
CICLOS
quarta-feira, 4 de maio de 2011
NADA
sexta-feira, 15 de abril de 2011
AMPLO
nem nada; somente uma tarefa:
inexistir na boca do poeta
que o pretende com cela e rédea,
sem saber do mundo que trafega
sobre o desfiladeiro finito
do abismo frio do seu umbigo
onde o grito não reverbera.
Cru e simplesmente inexeqüível
o poema despe-se impossível
àqueles que não o entendem livre
— antítese cabal dos limites.
Não precisa haver luz na caverna:
o que não se vê, não se encarcera.
sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011
sábado, 22 de janeiro de 2011
CILADAS
terça-feira, 18 de janeiro de 2011
EXÍLIO
As algazarras da vida
(de fartas algaravias)
semearam três armadilhas
nos miolos ocos das vísceras:
ingratidão, avareza
e as pálpebras cirzidas
da ignorância - bandida -
algoz da luz e da beleza.
Resta então ao poema
o éter da inexistência.
quinta-feira, 30 de dezembro de 2010
CARTA ABERTA
sexta-feira, 24 de dezembro de 2010
AFINS
domingo, 12 de dezembro de 2010
VULTOS
LUCIDEZ
quarta-feira, 8 de dezembro de 2010
MEDO
um falso receio,
um inquieto
calor discreto
que coze entranhas,
que frita o sono
imerso nas banhas
do abandono.
Meu grito é cego,
só, boquiaberto,
lodo no rochedo.
Sim: tenho medo.
quinta-feira, 4 de novembro de 2010
TERZINAS PARA UM GRANDE AMOR - CANTO I
quinta-feira, 14 de outubro de 2010
INSÔNIA EM ONZE PARTES
sexta-feira, 8 de outubro de 2010
sexta-feira, 24 de setembro de 2010
QUEM SABE
segunda-feira, 20 de setembro de 2010
DESPEDAÇADO
sábado, 18 de setembro de 2010
INCOMPLETO
quinta-feira, 9 de setembro de 2010
ECOS DO ONTEM
de mim, droga que seduz e corrompe
a aurora ─ e pretende reinar
sobre as tuas horas e teu ar,
que fecha a porta e a janela,
o tirano enxuto que governa
as terras erosivas da inveja
e o estrago que ela carrega?
De que jeito deleto este eco
(tudo que penso e quase me cega)
intenso, e nos ossos reverbera
diante da razão que me renega
quando de novo e de novo peco
na lembrança que em si desespera?
(com Jorge Cardozo)
quarta-feira, 8 de setembro de 2010
ACUADO
entre sinistros becos revestidos
do breu silencioso, do pecado
que o dia tornará encerrado.
Nada mais me resta nesta terra
(de pouco eu te amo, de inveja),
e nem mais do poema tenho medo:
ele não virá nem tarde nem cedo.
Doo esses meus minutos vazios
às nuvens infinitas, ao matiz
furta-cor que o sol equilibra
na força que vem da ventania.
Noite vem; alugo o pesadelo
mas não escapo do seu enredo.
terça-feira, 31 de agosto de 2010
E
e morderia, amplo, dorso a dorso
e em cada curva, chuva de alegria
e poder ouvir este teu uivo agudo
a exigir mais e mais e mais e tudo.
sexta-feira, 27 de agosto de 2010
GORJEIOS XI
quinta-feira, 26 de agosto de 2010
PARA AMAR
conter o magma que se irrompe
de dentro dos teus segredos, do cofre
sepultado no além do longe,
na cova rasa do teu egoísmo
a exalar este nauseoso
chorume do verso carcomido
e que torna o ar fuliginoso.
Quanto mais se ama mais se deve
navegar nos leitos de teus rios
saber quem é veia que te serve
quando tudo parece vazio.
Quanto mais se ama mais se afia
o gume da garra da harpia.
quarta-feira, 18 de agosto de 2010
DESMEDIDO
inquieto
nunca se pôs
arquiteto
planta baixa
indeciso
linha parca
impreciso
este nanquim
derramado:
nega o fim
e o pecado
tinta fresca
de orgasmo.
(com Vinicius Silva)
domingo, 8 de agosto de 2010
ESPÓLIO
além da resignação
de saber que a sua meta
não passa duma ilusão
(pois o poema é cavalo
selvagem; faz da comitiva
do verso, alvo suicida
neste pântano do fracasso)?
O que resta ao poeta?
Uma rara percepção
do poema − uma prisão
que ao mesmo tempo liberta?
O poema não aparece;
nem se Ele fizer a prece.
ISCA
Nada acaba:
fim é fantasma
que todos propalam
mas ninguém resvala;
nada acaba:
fim é cilada
é cão que não ladra
mas que tem raiva
e vil te crava
no auge da fala
da falácia:
o fim é vala.
sexta-feira, 6 de agosto de 2010
OCULTO
Busco o verso voluptuoso
que alforrie toda a imagem
que inunde o que houver de oco
e faça poesia desta tarde.
Busco o verso exasperado
que seja bailarino, mas exato,
que avance além da página
e permita o poema em lágrima.
Busco o verso multifacetado
que expanda todos os sentidos
que dispense os astrolábios
e colha estrelas do infinito.
Busco o que não pode ser achado
pelo poeta, Deus ou o Diabo.
segunda-feira, 2 de agosto de 2010
GORJEIOS X
O hoje de hoje é mais hoje do que o hoje de ontem. O ontem de ontem, continua sendo o ontem do hoje. Legal é nada saber do amanhã do amanhã.
* Nota do Autor: GORJEIOS é uma série inspirada no modo de publicação que existe no sítio do TWITTER, cujos TWEETS (mensagens de até no máximo 140 caracteres) são sinônimos, em Língua Portuguesa, de gorjeio, chilrear, pipilar, entre outros sons de pássaros. O poeta posta reflexões soltas, passarinheiras, sem maiores pretensões e que possuem, irrevogavelmente, exatos 140 caracteres. Siga o poeta no TWITTER: @MarlosDegani
GORJEIOS IX
Ando impaciente por demais. Com tudo, com todos. Ai de quem me ama. Mas sou teimoso por demais também. Não valho a pena, mas insisto em mim.
* Nota do Autor: GORJEIOS é uma série inspirada no modo de publicação que existe no sítio do TWITTER, cujos TWEETS (mensagens de até no máximo 140 caracteres) são sinônimos, em Língua Portuguesa, de gorjeio, chilrear, pipilar, entre outros sons de pássaros. O poeta posta reflexões soltas, passarinheiras, sem maiores pretensões e que possuem, irrevogavelmente, exatos 140 caracteres. Siga o poeta no TWITTER: @MarlosDegani
GORJEIOS VIII
Tenho dificuldades em me despedir. De tudo. Das pessoas, de um disco, de um livro. De um dia esmo. Eu só consigo é me despedir de mim mesmo.
* Nota do Autor: GORJEIOS é uma série inspirada no modo de publicação que existe no sítio do TWITTER, cujos TWEETS (mensagens de até no máximo 140 caracteres) são sinônimos, em Língua Portuguesa, de gorjeio, chilrear, pipilar, entre outros sons de pássaros. O poeta posta reflexões soltas, passarinheiras, sem maiores pretensões e que possuem, irrevogavelmente, exatos 140 caracteres. Siga o poeta no TWITTER: @MarlosDegani
Marlos Degani
- MARLOS DEGANI
- Nova Iguaçu, Rio de Janeiro, Brazil
- Marlos Degani, Nova Iguaçu/RJ, é jornalista. Lançou o seu primeiro livro de poemas chamado Sangue da Palavra em 2006 e que conta com a apresentação do poeta Ivan Junqueira, imortal da Academia Brasileira de Letras, falecido em 2014. Em setembro/14 lançou o segundo volume de poemas chamado INTERNADO, também pelo formato e-book, disponível nas melhores livrarias virtuais do planeta. Em 2021, pela Editora Patuá, lançou o seu terceiro volume, chamado UNIPLURAL. Participa como poeta convidado da edição número 104 da Revista Brasileira, editada pela Academia Brasileira de Letras, lançada em janeiro/21, ao lado de grandes nomes da literatura brasileira.